"Como que levada
pela brisa, a borboleta
vai de ramo em ramo."

Matsuo Bashô

25/05/2011


O PARAÍSO É O MUNDO DA ARTE


Sempre alimentei grande interesse pela Arte.

Como é do conhecimento dos membros, os edifícios e jardins que estão em plena construção em Hakone e Atami foram projetados com o elevado sabor da arte, jamais experimentado por alguém até hoje. No passado, fiz muitas pinturas, mas, hoje, ando tão atarefado, que isso não é mais possível. Mesmo assim, eu me distraio fazendo caligrafias, compondo poemas, vivificando flores e praticando a cerimônia do chá. Gosto, também, de obras de arte; por isso, de acordo com as possibilidades financeiras, tenho adquirido algumas obras. Inclusive através de doações dos fiéis, tenho conseguido satisfazer um pouco do meu gosto pela arte. Também gosto de teatro e de música, mas, como me falta tempo, estou me satisfazendo, de certa forma, com cinema e rádio. Aprecio a música japonesa e a ocidental, porém os meus colegas de idade mais avançada sempre me dizem que é raro ver alguém que goste do cinema e da música ocidental. Entre os japoneses são poucos, mas parece que, entre os americanos, há muitas pessoas que se interessam pela arte.

Como se pode ver, minha vida diária está preenchida, quase que totalmente, pela arte. Posso até afirmar que é uma vida artística. Penso que isso provém da minha missão de construir o Paraíso Terrestre e que, sem dúvida, foi Deus quem me concedeu esse instinto, pois o Paraíso é o Mundo da Arte. E para isso existe um motivo.

Até hoje, o mundo se encontrava na Era da Noite. Como tudo era escuridão, o homem tinha facilidade de praticar crimes sem ser descoberto, de modo que, sem outra alternativa, ele passou a interessar-se pelas coisas ruins. Ou seja, a enganar seu semelhante e causar-lhe sofrimentos, a ter vontade de roubar, de manter relações sexuais impuras. Passou, assim, a interessar-se pelas intrigas. A própria realidade está mostrando isso. Todavia, quando o Mundo entrar na Era do Dia, todas as coisas serão vistas abertamente e de forma transparente, não sendo mais possível esconder nada. Naturalmente, o homem deixará de gostar do Mal, e o seu divertimento será, infalivelmente, a prática do que é bom e correto. Procedendo assim, com certeza esse divertimento descambará para a Arte. Por conseguinte, não só a poesia e a música, mas, sem dúvida, todos os tipos de espetáculos artísticos, assim como também a arquitetura, as ruas, o teatro, os estabelecimentos de diversão, a decoração do interior das casas, as vestimentas individuais, etc. tornar-se-ão inimaginavelmente belas.

Dessa forma, é preciso que entendam que o Mundo de Miroku, o Paraíso Terrestre, é o Mundo da Arte.

Jornal Kyussei nº 51, 25 de fevereiro de 1950

18/05/2011

Protótipo do Paraíso de Hakone ( Shinsen-Kyo/ Terra Divina)


A RESPEITO DO JARDIM DA TERRA DIVINA


Alicerce do Paraíso, pág. 340











O Jardim Sagrado que estou construindo há cinco anos, em Gora, na cidade de Hakone, só está cerca de oitenta por cento pronto. Mesmo assim, comparado aos famosos jardins existentes em todo o Japão, desde os tempos antigos, não deixa nada a desejar. Talvez soe como auto-elogio, mas há uma grande diferença de nível entre este jardim e os demais. É claro que existem muitos jardins maravilhosos, cada um com suas características; porém, seja ele qual for, não possui aspectos tão relevantes quanto o de Hakone.



Fujimitei (Solar de Contemplação do Monte Fuji)

A Terra Divina, como podemos ver, é totalmente diferente de outros locais. Possui tal abundância de pedras e rochas naturais, que chega a espantar. Estou dispondo-as conforme a Orientação Divina, não me submetendo às tradicionais formalidades relativas a jardins. Não me baseio em modelos; estou construindo este jardim num estilo totalmente novo. Até no que diz respeito às árvores, juntei várias espécies, combinando-as bem, para que possam estar em harmonia com as pedras e rochas. As cascatas e correntes d'água foram aproveitadas para expressarem, ao máximo, o sabor da natureza. Assim, somando a beleza das montanhas e das águas com a beleza dos jardins, tentei expressar o que há de melhor e mais elevado na arte natural. Meu objetivo é fazer aflorar, através dos olhos da pessoa que vê esse quadro, o sentimento do belo latente nos seres humanos, elevar seu caráter e eliminar as impurezas de seu espírito. Por esse motivo, tanto as pedras como as árvores e plantas foram selecionadas e combinadas cuidadosamente, colocando-se amor em cada uma delas. É como se fôssemos pintar um quadro utilizando materiais "in natura". Gostaria, portanto, que o admirassem com esse espírito.

Construí esse jardim de modo que, visto de perto ou de longe, parcialmente ou em conjunto, ou de qualquer ângulo, sobressaia cada uma de suas características. Além disso, com o passar dos meses e dos anos, vão nascendo vários musgos típicos de Hakone, plantinhas de nome desconhecido, minúsculas flores graciosas e brotos de árvores que crescem nas reentrâncias das pedras como bonsai[1], as quais, por si mesmas, parecem querer atrair a atenção das pessoas. No ano passado, o jardim todo ficou mais "maduro", assumindo um aspecto mais tranqüilo: melhorou tanto que nem o reconhecíamos. Eu mesmo cheguei a percorrê-lo diversas vezes, sem ter coragem de afastar-me.


Kanzantei (Solar de Contemplação da Montanha)

Após a chuva, quando a água é abundante, temos a impressão de estar vendo, de lugar bem alto, uma correnteza no meio da mata. O som da água escorrendo pelas pedras, a corrente quebrando-se, lançando gotas para todos os lados, mais adiante descrevendo graciosas curvas e terminando em duas cascatas... Visão panorâmica deslumbrante! A cascata do lado direito, chamada Ryuzu no Taki (Cachoeira Cabeça de Dragão), é maravilhosa, e a do lado esquerdo divide-se em vários fios d'água, para mais abaixo quebrar-se e espirrar para todos os lados. Vejo de relance até uma andorinha voando rápido, bem rente às cascatas. Realmente, a harmonia da beleza natural com a beleza artificial está expressa muito melhor do que eu esperava. Fico satisfeitíssimo. Ao contemplar essas cascatas, sinto-me como se estivesse nas profundezas de montanhas e vales ou diante de um quadro magnífico. Geralmente, as cascatas artificiais têm certo sabor mundano que as prejudica, mas isso não acontece com as deste jardim, plenamente identificadas com as cascatas naturais. O vermelho e o amarelo dos bordos, que nelas se refletem esplendorosamente, as cores de cada árvore e a forma tridimensional de plantio fazem com que eu me sinta no meio de densas matas.

Mas deixemos aqui as explanações a respeito do que já foi concluído. Também no terreno baldio, bem espaçoso e próximo à parte posterior do jardim, estou pensando em construir outro jardim muito diferente, e já dei início à sua construção. Também para este tenho um plano bem diferente, inaudito; quando ele estiver terminado, talvez cause assombro a todas as pessoas.

Jardins dos Musgos
Vim escrevendo à proporção que as idéias me afloravam à mente, e talvez me achem orgulhoso demais por estar elogiando o que eu mesmo fiz. Sem dúvida, na opinião das pessoas comuns, isso está errado. Mas este jardim da Terra Divina foi construído por Deus; eu sou apenas o Seu Instrumento. Portanto, como ele foi construído pela técnica, ou melhor, pela Arte Divina, não seria nada de mais elogiá-lo. É o mesmo que louvar a Deus; por conseguinte, um ato muito justo. Há algum tempo, o Sr. William W. Shudler, professor de Geografia de um colégio dos Estados Unidos, veio apreciá-lo e, com visão de profissional, assim exprimiu sua admiração: "Já vi jardins do mundo inteiro, mas nenhum tão raro e artístico como este. Talvez possamos afirmar que ele seja único em todo o mundo".

A seguir, falarei sobre o Museu de Belas-Artes, que será construído por último.


Koomyo Shinden (Santuário da Luz Divina)
A construção está planejada até o verão do ano que vem e, quando ela estiver concluída, o Jardim Sagrado da Terra Divina ficará ainda mais magnífico. Quanto às obras artísticas a serem expostas, já tenho algumas e já andei pesquisando as que são avaliadas como Tesouro Nacional, existentes em museus históricos e de belas-artes de várias regiões, em coleções particulares, em templos, etc., com os quais, pouco a pouco, estou fortalecendo meu relacionamento. Assim, tenho certeza de que o Museu de Belas-Artes de Hakone nada ficará devendo a outros do gênero. Minha intenção é expor poucas obras históricas e arqueológicas, tendo como critério meu senso estético, independente de ser arte oriental ou ocidental, antiga ou moderna. Pretendo selecionar somente as obras-primas de artistas famosos de cada época. Isso porque o significado do Museu de Belas-Artes deixará de ser alcançado se todas as pessoas, entendidas ou não em Arte, não se sentirem tocadas e extasiadas com a beleza das obras expostas.

Naturalmente, este museu, a começar pela sua arquitetura, instalações internas, decoração e tudo o mais, será construído de acordo com a orientação de Deus; por isso, quando ele estiver concluído, apresentará resultados absolutamente especiais. Com a sua conclusão, praticamente estará terminada a construção do protótipo do Paraíso da Terra Divina. No momento em que isso se concretizar, a Obra Divina entrará em sua verdadeira fase de expansão. Mas não pararemos aí. A construção do protótipo do Paraíso de Atami também terá rápido progresso. Deus faz com que tudo se processe de acordo com a Ordem; esta é a Verdade.

Mokiti Okada - Jornal Eiko nº 122, 19 de setembro de 1951

Bijutsukan (Museu de Belas Artes) 

[1] Técnica de cultivo pela qual se fazem plantas em miniatura





Contextualização Histórica


Em maio de 1944, Meishu Sama Se mudou de Tamagawa, Tóquio, para o Shinzan-sô (Solar da Montanha Divina), Hakone. Pode-se dizer que foi esse o primeiro passo para a construção. 

O Shinsen-kyo de Hakone é o Solo Sagrado Primordial, sendo o primeiro ponto originário dos três Solos Sagrados. Meishu Sama considerou a construção do Shinsen-kyo como a Forma da Transição da Noite para o Dia" e promoveu a sua construção como Solo Sagrado "Protótipo do Paraíso Terrestre" e "Forma do Japão". 

O kototama (espírito da palavra) de Hakone explica o seguinte: ha corresponde a abrir, é o fogo, ko corresponde a endurecer e indica consolidação, e ne significa fundamental. 

Em junho de 1952, com o término e inauguração do tão esperado Museu de Belas-Artes de Hakone, realizou-se um majestoso Culto do Paraíso Terrestre, também em comemoração à conclusão do Shinsen-kyo de Hakone. O objetivo do Mestre era construir um local paradisíaco, o modelo do Paraíso Terrestre, com a perfeita harmonia entre a beleza natural e a beleza artificial criada pelo homem. Seria, assim, a imagem do vindouro Mundo de Miroku, local pleno de Verdade, Virtude e Beleza. 
 

17/05/2011

Sobre Bernard Shaw

 

GEORGE BERNARD SHAW (1856-1950)


Desde jovem eu gostava muito de George Bernard Shaw que faleceu recentemente e que era respeitado mundialmente como grande escritor, ou melhor, como grande homem. Por esse motivo, vou escrever, a seguir, tudo o que me lembro a respeito do velho Shaw.

A maioria das pessoas, quando faz crítica do velho Shaw, só diz que ele é um homem irônico e muito satírico. Sem dúvida, essa também é, obviamente, uma das característica do velho Shaw. Sempre ouço somente esse tipo de críticas, mas é um fato lamentável as pessoas não observarem o velho por um outro ângulo. Sob o meu ponto de vista, acho que ele é uma pessoa sem precedentes, pois, ao ver as coisas, consegue captar com muita precisão a sua realidade e manifestá-la francamente. Em meio ao seu humor irônico, ele manifestava sátiras de forma concisa e aguçada. A palavra era certeira. Ele se assemelhava a um religioso extraordinário.

A seguir, vou escrever de maneira simples aquilo que me recordo. Entre as suas obras, há uma peça teatral famosa, intitulada Discípulo do diabo. Assisti e realmente achei a peça muito engraçada e até fiquei comovido. Em suma, era o seguinte.

Numa cidade pacata da Inglaterra, morava um padre. Durante a sua ausência, veio um policial com o objetivo de prendê-lo por causa de uma acusação. Mas como ele não estava, deixou o recado com a esposa. Esta ficou tão assustada e amedrontada que não sabia o que fazer.

Porém, ali se encontrava um rapaz que havia chegado um pouco antes do policial. Ele era conhecido na cidade como um jovem delinqüente e o seu apelido era “Discípulo do diabo”; portanto, pode-se imaginar como era ele. Não sei que pensamento passou pela cabeça do discípulo do diabo ao ver aquela senhora tremendo diante do policial, mas, repentinamente, voltou-se para o policial e começou a dizer: “Esse crime fui eu quem cometi; portanto, quem deve ir preso sou eu”. Então, o policial pensou consigo mesmo que o rapaz dizia a verdade e que o autor do crime realmente poderia ser ele, devido à vida que levava no cotidiano. Assim, sem desconfiar de nada, conduziu-o à delegacia.

“Discípulo do diabo” fez mexer a consciência.

Momentos depois, o padre voltou e a esposa contou-lhe o ocorrido. À medida que ela ia contando, a sua fisionomia enrubecia mais, a ponto de poder notar claramente a sua agonia espiritual. Isto porque, apesar do seu pensamento constante de encontrar um meio para livrar-se do crime cometido, sentiu remorso pela sua covardia. Foi o discípulo do diabo quem se sacrificou e se entregou à polícia como que debochando daquele sentimento repugnante do padre. Diante da nobre coragem e da manifestação de amor do discípulo do diabo, que se assemelhava ao de um santo, mesmo sendo um notável padre, nada podia fazer em relação ao seu sentimento de humilhação.

Sou apóstolo de Deus, mas se continuar assim, acho que vou me tornar inferior ao discípulo do diabo”; pensando assim, dirigiu-se para a sua fiel esposa e confessou o acontecido. Em seguida, foi rapidamente à delegacia a fim de dar explicações e libertar da cadeia o discípulo do diabo. Como era uma pena leve, foi liberado imediatamente e os dois voltaram juntos para casa. Em seguida, o padre elogiou e agradeceu profundamente ao discípulo do diabo.

O episódio era mais ou menos isso.

Ainda hoje lembro-me nitidamente que, na ocasião, ao assistir essa peça, fiquei deveras comovido.


A seguir, trata-se da peça “A arma e o soldado”, que também era conhecida como “Soldado de chocolate”. Era uma obra que retratava o aspecto de pós-Primeira Guerra da Europa. Era uma peça satírica e pacífica sobre um soldado que estava em guarnição militar e prestava serviço numa vila. Na vila, o soldado sempre agradava as crianças dando-lhes chocolates e vivia uma vida tranqüila e sem preocupações. Recordo-me que era uma sátira de críticas muito severas no que se refere à conveniência ou não da guerra.

A outra era uma peça denominada “Século XX”. Essa também era uma descrição do pensamento da época de pós-guerra da Inglaterra. O personagem principal desta peça era um sujeito extremamente feudal; um coronel aposentado que pode se considerar um conservador típico da Inglaterra. O pensamento desse personagem era tal qual ao dos conservacionistas que restavam na era Meiji, no Japão. Era cabeça dura ao extremo e calcado na arbitrariedade, a ponto de deixar as pessoas da própria família em apuros; por isso, o lar permanecia sempre triste. Por trás dessa cabeça dura, os familiares mostravam a língua e zombavam. Às vezes, os filhos tentavam convencer o pai através de uma nova teoria, mas ele não aceitava. Posteriormente, surgem vários problemas e, devido a isso, aquele personagem vai se abrandando gradativamente, acabando por prostrar-se. Acho que era mais ou menos isso. Como já faz muito tempo que assisti à peça, pode ser que haja algumas partes diferentes, mas na essência era isso.

Vamos deixar de lado os seus dramas e, a seguir, desejo falar sobre alguns ensaios e sátiras de sua autoria.


A minha opinião em relação à comédia dele é a seguinte. A comédia, obviamente, tem por fim fazer as pessoas rirem mas, para provocar o riso, existe uma técnica. Isto é, a desilusão. Por exemplo, se numa cena presenciarmos uma pessoa bem vestida e de barba bonita passar majestosamente montada num cavalo e, no cenário seguinte, se essa mesma pessoa aparecer montada no cavalo totalmente nua, sem querer, passamos a rir por causa dessa desilusão.

Dessa maneira, ele, arrancando audaciosamente os adornos, as ameaças vãs e as tradições que envolvem o mundo, nos mostrou com toda franqueza. Podemos dizer que isto é o segredo da comédia. Esse ponto de vista é que realmente se centralizava nas ironias e sátiras criadas por ele. Em suma, ele falava francamente, de forma nua e crua, aquilo que pensava. Ele era, naturalmente, sempre sincero. O seu caráter também. Acho que jamais existiu um outro grande escritor tão sincero como ele. Por isso, a sua ironia não era uma ironia para ironizar. A revelação das realidades acima citadas é que tem se tornado em ironia.

Soube que aconteceu também o seguinte. Certa vez, ele fez uma palestra diante de um grande público. De súbito, ele disse o seguinte: “Acho que com a cabeça que os senhores aqui presentes têm, não vão entender o sentido da conversa que pretendo expor agora”. Então, o auditório explodiu de risos. Aqui encontra-se a sua atração misteriosa. Normalmente, quando recebe uma ofensa como essa, o auditório fica deveras revoltado; no entanto, o fato de ter acontecido o contrário deixou evidente o quanto ele era amado pelo público. Também aconteceu o seguinte. Uma escritora famosa disse a ele: “Se uma pessoa inteligente como o senhor casasse com uma pessoa como eu, certamente nasceria um filho maravilhoso e inteligente, não é verdade?”. Ele retrucou imediatamente: “Não. Isso não é verdade. A criança que nascer entre uma pessoa como eu, que tenho fisonomia feia, e você, que possui uma cabeça ordinária, com certeza não prestará”.

Uma outra sátira que achei muito engraçada foi quando ele disse que o amor é algo necessário concedido por Deus ao homem a fim de preservar a raça humana. Como ele era dinâmico! Creio que não existiu pessoa tão cheia de auto-confiança como ele. Dizem que ele sempre afirmava o seguinte: “Shakespeare é considerado realmente o mais importante da Inglaterra, mas, dizendo a verdade, eu sou mais do que ele”. Mas isso, ao contrário do que se pensa, não se trata de presunção ou orgulho seu. Ele apenas dizia sinceramente aquilo que pensava. Essas palavras, que normalmente podem ser vistas como megalomaníacas, quando saem através da boca dele, não se tornam hediondas, e as pessoas aceitam com prazer. Aqui verifica-se a sua grandiosidade. Nos seus últimos anos de vida, os intelectuais da Inglaterra solicitavam a sua opinião em relação a vários problemas que surgiam e usavam-na como referência. Através disso, podemos perceber quão grande era a sua existência. Foi uma pessoa que inclue-se entre as pessoas célebres do século XX.

Mokiti Okada - Jornal Eiko n° 78, 15 de novembro de 1950







George Bernard Shaw
(Escritor irlandês)
26-7-1856, Dublin
2-11-1950, Ayot Saint Lawrence, Grã-Bretanha




Shaw é autor de mais de 70 obras teatrais e de numerosas críticas sobre arte e críticas sociais. Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1925 e é considerado o fundador do teatro moderno inglês. Muitas de suas obras são qualificadas de "peças-idéias", pois tanto a ação como a linguagem e as personagens giram em torno de um leitmotiv, uma idéia ou uma concepção do mundo particular. Influenciado por Hendrik Ibsen, desenvolveu a ação teatral como uma forma de discussão. Shaw expunha seus princípios críticos por meio de diálogos tensos, dotados de grande criatividade. Nas primeiras obras, retrata a sociedade vitoriana acomodada, cuja hipocrisia moral desmascara em Mrs. Warren's Profession (1894). Em Candida (1894), surge o moralismo ilustrado de Shaw, que coloca em evidência a estreiteza de horizontes do sexo masculino por meio de suas personagens femininas, inteligentes e plenas de senso comum. Recriou igualmente temas históricos, como César e Cleópatra (1901). Em dramas posteriores, como Man and Superman (1903), manifestam-se a evolução de seu pensamento e suas crenças na força da filosofia vitalista. Também escreveu Pigmalião (1913), que adquiriu fama mundial graças à sua versão musical, chamada My Fair Lady (1956). Shaw, cuja infância como filho de um alcoólatra não foi particularmente feliz, exerceu as profissões de agente imobiliário e de jornalista. Antes de alcançar o sucesso na literatura e no teatro, adquiriu renome como crítico teatral, artístico e musical.
 
Dotado de uma criatividade indiscutível e de uma linguagem corrosiva, reivindicou uma série de reformas sociais e culturais. Em 1884, ingressou na Fabian Society, uma instituição que impulsionava as reformas sociais. Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura "pela obra poética, marcada pelo idealismo e pelo humanismo, e especialmente pela poderosa sátira, na qual flui uma beleza poética muito pessoal".
 
 

Obras

  • The Quintessence of Ibsenism (1891)
  • Widower's Houses (1892)
  • Mrs. Warren's Profession (1893)
  • Candida (1894)
  • O famoso ídolo (1896) (Cashel Byrons professional)
  • Plays Pleasant and Unpleasant (1898)
  • Three Plays for Puritans (1901)
  • The Devil's Disciple (1897)
  • Caesar and Cleopatra (1901), citada com sua primeira grande obra
  • John Bull's Other Island (1904)
  • Casamento desigual (1905) (Irrational knot)
  • Man and Superman (1905)
  • Major Barbara (1905)
  • Pygmalion (1913), sua peça mais conhecida e que inspirou o filme My Fair Lady (1938), o musical homônimo (1956) e um novo filme (1964)
  • Heartbreak House (1920)
  • Back to Methuselah (1922)
  • Saint Joan (1923)
Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/George_Bernard_Shaw
           http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_1035.html