"Como que levada
pela brisa, a borboleta
vai de ramo em ramo."

Matsuo Bashô

08/07/2011

Zuiun-Kyo (Terra Celestial) - O Solo Sagrado de Atami - Parte II



O terreno destinado à construção do Templo Messiânico ficou pronto no verão de 1950. Cortando-se parte da montanha, conseguiu-se uma área de 3.960 m2. A grande quantidade de terra que então se obteve foi utilizada para aterrar uma depressão e até serviu para formar montes. É nesse lugar que fica o atual Jardim das Ameixeiras, cuja construção teve início na primavera de 1950. Na época também foi construída a estrada que, saindo do Alojamento Shinjin, passa ao lado do Edifício Nuvem Auspiciosa, atravessa o Jardim das Ameixeiras, contorna a Colina das Azaléias e termina junto ao Templo Messiânico.

Dois anos depois, em dezembro de 1952, foi construída uma estrada subterrânea ligando o Templo Messiânico ao Palácio de Cristal. Sua construção foi feita com escavadeira. Quando a escavação atingira a metade do túnel, começou-se a ouvir bem baixinho o barulho da máquina, a qual vinha avançando pelo outro lado. Quando esse barulho se tornou mais nítido, a parede de terra que havia à frente desmoronou e pôde-se ver o rosto preto de terra dos componentes do grupo de dedicantes. Nesse momento, espontaneamente, ambos os lados soltaram vivas.

Na primavera do ano anterior, ficara concluído o Jardim das Ameixeiras, cuja construção levara um ano. Da mesma forma que a Colina das Azaléias, iniciada em setembro de 1951 e concluída em abril de 1952, ele foi idealizado pela sensibilidade artística do Fundador, que admirava muito a arte do Estilo Rin-pa. Esse jardim caracteriza-se pela graça de seus pequenos montes e pela elegância de suas árvores, todas elas muito antigas. Representa nada mais nada menos que a concepção artística do Biombo de Ameixeiras com Flores Vermelhas e Brancas — de Ogata Korin, pintor que o Fundador tanto apreciava — transposta para a Natureza.


Antes da construção do Jardim das Ameixeiras, quando iam ser compradas as árvores, o Fundador disse ao jardineiro Issao Morimoto: "As ameixeiras que só dão flores têm pouco perfume. Por isso plante árvores que dêem frutos e que sejam velhas." Então, Morimoto andou por diversos locais, à procura de ameixeiras com mais de cem anos. Das trezentas e sessenta plantadas nesse jardim, uma parte foi adquirida na Mansão Mitsui, em Oisso, e o restante provém da plantação existente em Shimo Soga, subúrbio da cidade de Odawara. Pelo fato de se ter gasto muito tempo com a procura das árvores, foram necessários quatro anos para arrancá-las, transportá-las e plantá-las.

A Colina das Azaléias, anteriormente, era um declive cheio de mato, mas foi coberta com a terra extraída durante a preparação do terreno onde seria construído o Templo Messiânico, e moldada no formato que possui atualmente. De acordo com a orientação do Fundador, ela deveria apresentar um formato arredondado vista de qualquer direção. Entretanto, a obra estava levando muito tempo e não ficava conforme ele desejava. O Fundador ainda não havia dado sua aprovação, mas o jardineiro, achando que o formato estava mais ou menos delineado e sentindo pena dos trabalhadores e do grupo de dedicantes que faziam aquele serviço, pensou: "Como o formato está mais ou menos pronto, se eu plantar as azaléias, ele não vai me dizer para arrancá-las." Assim, plantou cerca de trezentas mudas.

No dia seguinte, os profissionais e o grupo de dedicantes estavam muito tensos, esperando a inspeção do Fundador. Quando este chegou, desceu rapidamente do carro, como de costume e, após um relance de olhos para a Colina das Azaléias, ordenou: "O formato não está bom. Por isso arranque as azaléias e comece tudo de novo." Essas palavras breves, mas denotadoras de que ele não admitia transigência, fizeram com que todos sentissem uma confiança inabalável. Imediatamente, as azaléias foram arrancadas, recomeçando-se o transporte de terra. Alguns dias depois, finalmente, ficou concluído um magnífico monte, que, visto de todos os lados, apresentava o formato desejado pelo Mestre. Muito contente, ele disse: "Agora está bem." E então as azaléias foram plantadas de novo. Assim, com a orientação deste, surgiu uma arte de jardinagem baseada na beleza da superfície arredondada.

Dias depois, olhando para a Colina das Azaléias com profunda emoção, o Fundador dirigiu palavras de conforto aos dedicantes e aos trabalhadores, pelo árduo trabalho executado: "Vocês conseguiram! Obrigado pelo esforço que fizeram durante tanto tempo." E acrescentou: "Vocês devem ter se preocupado com o tempo e com o dinheiro gasto para construir essa colina, mas isso não é problema. Eu quero construir algo realmente magnífico e deixá-lo para a posteridade. Esse é o meu único pensamento." Ouvindo tais palavras, todos ficaram impressionados pela vigorosa determinação do Fundador quanto à construção do Solo Sagrado; ao mesmo tempo, sentiram que esta era uma obra valiosa e de importante significado dentro da Providência Divina.





As dificuldades enfrentadas na construção da Colina das Azaléias não se limitaram ao delineamento de seu formato. Anteriormente, na aquisição dos pés de azaléias, já houvera uma grande dificuldade. O Fundador havia determinado que fossem plantados 3.600 pés; entretanto, as azaléias demoram muito para crescer e não era nada fácil encontrar essa quantidade de arbustos com formato e tamanho semelhantes. No início, procurou-se em Odawara, em Tóquio e até nas casas de plantas do Estado de Saitama, mas as respostas eram negativas. Quando já se aproximava o dia da conclusão da colina, o encarregado foi além de Amagui, visitou uma casa tradicional de Nakaizumoto e procurou também com agricultores residentes entre Mishima e Hakone, até que finalmente completou a quantidade necessária de pés de azaléias. Através desse fato, ele renovou sua crença de que as palavras do Fundador sempre se concretizavam.


O Fundador desenvolveu a construção da Terra Celestial dividindo esta em três partes, às quais deu o nome de Seissei-Dai (Monte Límpido), Keikan-Dai (Monte Paisagem) e Sekiun-Dai (Monte Nuvem de Pedras). O centro é o Templo Messiânico, erigido no Monte Límpido. Esse prédio, como se pode ver na foto, é uma construção de concreto armado ao qual se adaptou o estilo de Le Corbusier (1887-1965), que, na época, era o estilo arquitetônico mais moderno, tendendo a dominar o mundo das construções. O Fundador adaptou-o à forma das construções religiosas e projetou-o de maneira ainda mais moderna. Fez as paredes internas brancas e deu à fachada um desenho simples, utilizando linhas retas em branco e cinza escuro. A área do terreno ocupado pelo templo é de 3.960 m2, sendo que o andar térreo tem aproximadamente 2.300 m2, e o primeiro pavimento, cerca de 1.130 m2, com capacidade para acomodar umas três mil pessoas. Ele foi projetado não apenas para a realização de ofícios religiosos, mas para utilidades múltiplas, entre as quais projeção de filmes e espetáculos de teatro e dança, possuindo também um camarote para orquestra, destinado a concertos musicais.

Para a construção do Templo Messiânico, confeccionou-se, antes, uma maquete de dois metros quadrados e fizeram-se muitos estudos. Diariamente, numa hora determinada, o Fundador ia à Terra Celestial e dava instruções sobre a obra. Especialmente na ocasião de decidir a grossura dos pilares, a medida que ele mencionou, por intuição, foi exatamente a mesma que o especialista no assunto calculou para sustentar o peso de prédio. Terminados os alicerces, deu-se início à construção dos pilares. Ao inspecionar oito que já estavam sendo edificados, o Fundador ordenou: "Reconstruam-no, porque está faltando sinceridade." Derrubar, com força humana, pilares de concreto armado era um serviço muito trabalhoso e demorado, mas eles é que iriam sustentar o prédio. Assim, captando, por intuição espiritual, a falha que havia na obra, o Mestre determinou que ela fosse refeita, embora estivesse ciente de que seria um trabalho muito custoso.

A construção do Templo Messiânico desenvolveu-se sob a direção do próprio Fundador e em meio de acontecimentos misteriosos, mas só pôde ser concluída após sua ascensão, ocorrida em 1955. O nome do prédio, que inicialmente era Meshiya Kaikan (Templo Messias), foi mudado para Kyussei Kaikan (Templo Messiânico) em março de 1957. Na época, a construção foi efetuada com o pensamento de se estar fazendo o melhor prédio possível; devido, porém, à pouca firmeza do terreno e como medida de precaução quanto à segurança dos visitantes, ele foi reconstruído em 1972, mantendo a imagem do Templo Messiânico construído pelo Fundador.

E - O Suisho-Den (Palácio de Cristal)

No Solo Sagrado de Atami, a última construção dirigida diretamente pelo Fundador foi o Palácio de Cristal. Eis um poema que ele compôs sobre o monte onde está edificado esse prédio:



"No Monte Paisagem,

Fico embevecido.

É como se fosse

Um desenho em rolo

Que vai se desenrolando."



O Fundador denominou Monte Paisagem o lugar de onde se descortinava o melhor panorama no Solo Sagrado de Atami, e nele, mais tarde, construiu o Palácio de Cristal.


O prédio tem um formato muito original. É uma circunferência de aproximadamente 22 metros de diâmetro cortada ao meio. Para que os fiéis e todas as pessoas que visitassem a Terra Celestial pudessem apreciar da melhor forma possível a paisagem que dali se descortina, o Fundador construiu a face sul do prédio todo em acrílico. O termo "Cristal" simboliza o mundo ideal, sem impurezas. A transparência da parte da frente, bem ampla, sem nenhum pilar, é realmente muito adequada a esse nome. Quando o terreno do Monte Paisagem ficou pronto, o Fundador mandou construir um patamar e, subindo nele, estudou a direção para a qual ficaria voltado o Palácio de Cristal, a altura do chão etc., de modo que a paisagem pudesse ser vista da forma mais perfeita possível.



O projeto do Palácio de Cristal foi todo idealizado pelo Fundador. Como seu formato arredondado e a ausência de pilares eram muito raros num prédio independente, não se encontrou na época, em nenhum lugar, alguém que pudesse calcular sua resistência. Conseqüentemente, o próprio chefe do Setor Técnico do Ministério das Construções encarregou-se do trabalho e até escreveu uma carta de recomendação, de modo que o pedido de "habite-se", entregue à repartição competente, no Estado de Kanagawa, foi aprovado incondicionalmente.

A construção desenvolveu-se em ritmo acelerado, ficando pronta em apenas três meses, graças à dedicação dos fiéis provenientes de todo o país. Após sua conclusão, em dezembro de 1954, o Fundador disse: "O Palácio de Cristal não pertence exclusivamente a nós. Desejo que o maior número de pessoas se deleite com este lugar pitoresco concedido por Deus." Por trás dessas palavras, percebemos o sentimento do Mestre, que, preocupando-se até com os pormenores, queria fazer daquele local um ambiente de lazer e tranqüilidade não só para os fiéis como para todos que o visitassem.



O Palácio de Cristal tornou-se famoso no mundo arquitetônico, e pessoas relacionadas a esse campo, provenientes dos mais diversos locais, freqüentemente iam visitá-lo, para estudos. O Fundador explicou que a muralha de pedra situada atrás do prédio, a qual forma uma reentrância, representa a Lua, e a cor vermelha do tapete representa o Sol.


Luz do Oriente, Vol. 2

Um comentário:

Nina disse...

sem palavras!!!!